2 de nov. de 2009

02 de novembro - Dia de saudade universal


Hoje estou com muita saudade do meu velhinho e, lendo por aí...encontrei um poema de poeta não publicado mas que aqui faço minha homenagem por tão sábias e belas palavras...


Quando eu crescer, eu quero ser um velhinho de shoping.

Daqueles que empacam na escada rolante

E na frente das vitrines...

Que olha as meninas bonitas com a cobiça dos tempos

Que não voltam mais...


Quando eu crescer, eu quero ser um velhinho de supermercado

Dos que encalham o carrinho no meio do corredor

E nunca sabe onde estão as coisas, nem os preços das latarias...

Daqueles que mexem com as caixas e esquecem a senha do cartão...


Quando eu crescer, quero ser um velhinho das ruas,

Daqueles que esquecem o caminho de casa,

A cara dos vizinhos e o nome de todo mundo...

Mas todos me conhecerão e me levarão de volta...


Quando eu crescer, eu quero ser um velhinho de ônibus...

Desses que entram pela frente sem pagar e sentam em qualquer lugar...

Vão até o ponto final... e depois voltam até o outro ponto final...

E voltam de novo até a metade do caminho...

Pois não fará diferença aonde se vai...


Quando eu crescer, eu quero ser um velhinho simpático...

Mesmo que só eu ache isso...

Quero falar com todo mundo, encher o saquinho dos outros

E nem perceber...


Quando eu crescer, quero ser um velhinho da praça e dos jardins,

Pra olhar as plantas, as flores e os passarinhos...

E vê-los se mexer com o vento e com a chuva...

Quero olhar a paisagem e as crianças e vê-las sorrir...


Quando eu crescer, quero ser um velhinho com muitos netos...

Ou mesmo um só, que já amo tanto...

Quero olhá-los e sorrir com eles...

E falar coisas malucas que conterão uma sabedoriaque só os velhos percebem que têm...


Quando eu crescer, quero ser um velhinho que vai almoçar

Na casa dos filhos e sobrinhos...

E come sempre comidas diferentes de todo mundo...

Quero ser um velhinho que nem percebe o trabalho que dá aos outros...

Mas todos gostam mesmo assim...


Quando eu crescer, quero ficar velhinho com uma velhinha do lado...

Dessas que reclamam de tudo e dão bronca o tempo todo...prá cutucá-la sem ninguém ver... olhar pra ela e dizer: te amo... vou andar com ela pra cima e pra baixo...ela vai dizer que não quer... mas vai adorar ir comigo...


Quando eu crescer, quero ser um velhinho que detesta hospital...e os médicos e suas consultas... menos minha irmã e meu irmão...que não vai na farmácia e nem toma remédios...que desafia as doenças e ri das mazelas...


Quando eu crescer, e ficar bem velhinho, quero ser feliz...

Sem que ninguém fique infeliz por isso...

Vou viver do meu latifúndio de amigos e amores,

Que plantei ao longo da vida...


Quando eu crescer, e morrer bem velhinho,

Quero olhar uma última vez para o mundo,

E pensar que vivi uma vida legal...

Que conheci pessoas bonitas por dentro...Mesmo que algumas fossem muito feias por fora...


Quando eu crescer, e já tiver morrido há um tempão...

Quero ver as coisas que plantei...

E sentir orgulho dos filhos, das poesias, das pessoas,

Das lágrimas, das taquicardias, dos olhares de mel,

Dos sorrisos encabulados e mãos dadas...

Dos carinhos, beijos, abraços e trepadas...


Quando eu crescer, e já tiver virado pó...

Quero ser semente e voltar de novo pra esse mundo doido...

E sentir a vida de novo, vento na cara... olhos de passarinho...

Emoção a flor da pele, transbordando a cada esquina,

A cada pessoa que se cruza... vivendo a vida

E esperando a velhice chegar...

Nenhum comentário:

Postar um comentário